segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Alguns conceitos para estudo

Números


Os números em japonês seguem uma lógica muito simples. Eu diria que, pra uma pessoa que não sabe nem japonês e nem português, aprender a contar até 9.999 em japonês é muito mais fácil do que aprender a contar até 99 em português. Calma aí, já te explico o porquê! Antes disso, vamos começar contando até 10 em japonês:

Números 1 a 10


1ichi (se lê “iti”)
2ni
3san
4shi ou yon
5go
6roku (o “ro” se lê como em “couro”, não como em “carro”)
7shichi (se lê “shiti”) ou nana
8hachi (se lê “hati”)
9kyuu ou ku
10juu


 É muito simples. Agora você já sabe falar 2 (ni), certo? E você também sabe 10 (juu). Parabéns, agora você já sabe falar 12 (juu ni)! E de brinde ainda leva o 20 (ni juu). Já consegue imaginar como se fala 22? ni juu ni! É assim que funciona!


Bases, socos, chutes e defesas mais usados nos treinos:
Bases:

Heisoku-Dachi
Base com os pés unidos.
























Musubi Dachi


Base com calcanhares unidos e ponta dos pés separados.
















Hachiji Dachi





Base com as pernas à largura dos ombros, (posição de Kamae)




















Base (meia lua) pés levemente apontados para dentro e joelhos semi-flexionados com a distancia de um palmo de um para o outro.







 



 Base grande com joelho da frente flexionado e perna de traz estendida com os dois pés apontados para frente à largura do ombro.




 

"Base do gato", peso 70% na perna de traz e 30% na perna da frente.












Teiji-Dachi
Base em "T".







Base com pernas separadas e joelhos flexionados e pés 45º apontados para fora, com a coluna reta.
















Defesas:

Defesa alta, acima da cabeça.








 

Defesa baixa, "varrendo" do peito para baixo.


 




Soto Uke

Defesa de dentro para fora.









Uchi Uke

Defesa de fora para dentro.




Shuto Uke


Defesa com a palma próxima à orelha, virada para cima, "varrrendo" à altura do ombro com a palma da mão em pé.














Mawashi Uke                    
                              


Defesa circular defendendo rosto e testículos.

Golpes com as mãos e braços:

 

Empi Uchi
Cotovelada














Gyaku Zuki



Soco contrário à perna da frente.






















Oi Zuki


Soco com a mão do mesmo lado da perna da frente.

















Soco com a palma da mão virada para cima, soco (inverso).
Soco com as costas das mãos (parte dos ossos dos dedos).





























Chutes:

Mae Geri




Chute Frontal com o Cochi do pé (parte abaixo dos dedos).











Mawashi Geri

 Chute circular com o peito do pé.














Sokuto Geri

Chute lateral com a faca do pé (sokuto).













Ura Mawashi Geri


Chute circular com a sola do pé.














Giro Kakato Geri


 Chute giratório com a perna de traz.
















quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Breve Biografia Gogen Yamaguchi

Estudante de direito, iniciou seus treinamentos com Chojun Miyagi aos 22 anos, após uma experiência prévia em Karate e Kendo. Empenhou-se na difusão do Karate Goju e foi escolhido como sucessor de Miyagi no Japão. Fundou a Associação Internacional Karate Goju-Kai e foi uma das figuras mais importantes na liderança da formação da Japan Federation of All Karate-Do Organizations em 1964. Morreu em 1989, com o 10º Dan em Karate, e ainda figurando com mestre de Yoga e sacerdote Shinto (práticas que influenciaram o desenvolvimetno do Goju, como exemplificado nas técnicas de ibuki –respiração– características de seu estilo).





Gogen Yamaguchi (1909 - 1989)

O verdadeiro significado dos Katas dentro do Karatê

          Kata Saifa

Muitas são as interpretações feitas acerca dos efeitos do treino 
de Kata para o desenvolvimento do praticante de Karatê-Do.

Para alguns não passam de movimentos realizados com o objetivo de 
ganhar taças, para outros uma obsessão por saber o maior número 
deles de modo a mostrar o seu valor como praticantes de Karatê-Do 
e ainda há aqueles que não percebem muito bem qual a sua 
finalidade para o treino, entre muitas outras razões.

Espero que este artigo possa esclarecer certos aspectos da prática
 dos Kata que, para muitos de nós, permanecem num certo 
obscurantismo, tanto devido ao desconhecimento desses aspectos por 
quem os ensina ou ainda a tentativa de criação de uma aura de 
mistério em torno deles.

O Kata pode ser considerado como uma representação de movimentos 
baseados em formas de combater e que também visam o 
desenvolvimento dessas formas.

Qualquer pessoa com o mínimo de habilidade mental e conhecimento 
técnico conseguiria construir um Kata, só que com a diferença, 
em relação aos tradicionais, de provavelmente não cristalizar as 
formas de lutar que outrora se mostraram eficientes. Nem tão pouco 
ter a componente medicinal muitas vezes evocada na construção dos 
mesmos pelos antigos mestres (o Kata Sanchin, por exemplo, 
tradicionalmente possui um componente medicinal através do tipo de
 respirações e dinâmica corporal que utiliza). 

Para a sua correta execução devemos seguir as seguintes regras:

     - Eliminar as distrações externas e concentrar-se apenas na sua 
intenção;

     - Coordenar a respiração e sincronizá-la com a atividade muscular. 
Quando se esticar o braço, expirar até parar, mas conservar sempre 
um percentual do ar. Deve-se ter a atenção de nunca expirar todo 
o ar num só momento. Quando se expira, o nosso corpo torna-se leve.
 Quando inspiramos, o nosso corpo fica enraizado;

     - Ouvir a respiração e ficar atento a todas as partes do nosso 
corpo;

     - Deve haver uma contração muscular constante, mas flexível nos 
seguintes grupos musculares: deltóide, trapézio, grande dorsal, 
dentados e peitorais;

     - Para promover uma respiração diafragmática perfeita, a espinha 
deve estar paralela ao estômago;
- As técnicas são executadas para frente e para trás de modo aos 
cotovelos tocarem na cintura.

     - Ao compreender as normas físicas e metafísicas do duro e do 
suave (Gōjū em Japonês) temos de aprender que é o balanço 
eqüitativo entre os dois que permite triunfar o maior adversário 
de todos, nós próprios.

     - A dureza representa a força material do corpo humano e a 
agressividade de cada um. A suavidade representa a tranqüilidade 
do nosso caráter e a elasticidade em ceder perante uma adversidade. 
Juntos, são atributos que se revelam através de uma análise 
contínua e um compromisso genuíno.

     - Cada um deve opor a força à flexibilidade e vice-versa. Todos 
os movimentos do corpo, incluindo a esquiva e as manobras 
evasivas, devem ser executados com uma respiração correta. O corpo 
deve ser flexível como um galho de salgueiro sujeito a uma ventania; 
ele cede com a força do vento, mas quando esta termina o galho 
espontaneamente volta à sua posição inicial. Quando se inala e o 
corpo se estica, ele parece uma onda gigante sem qualquer 
resistência. No entanto, quando uma posição estável é necessária e 
o ar é expelido dos pulmões enquanto se contraem os músculos, 
ficamos estáticos, como uma montanha.

O Kata é um método ritual através do qual os segredos da defesa 
pessoal são transmitidos de geração em geração. Cada Kata representa 
uma miríade de cenários possíveis de defesa pessoal - enganando-se, 
pois aqueles que separam as técnicas de Kata no 
Bunkai (aplicação do Kata) das técnicas de defesa pessoal como se 
fosse algo de diferente - porém é mais do que uma simples combinação 
de técnicas. Assim, cada Kata é uma tradição única com princípios, 
estratégias e aplicações distintas. As aplicações das formas são 
concebidas para o uso em situações de defesa pessoal de vida ou 
morte e assim podem ser usadas para controlar, machucar, mutilar 
ou mesmo matar alguém se necessário.

Um segundo, mas igualmente importante aspecto do Kata é a sua 
utilidade terapêutica. Os vários paradigmas de imitação dos animais 
e os padrões respiratórios foram utilizados para melhorar a 
circulação sanguínea e a eficiência respiratória, estimular a 
bioenergia (Ki), estender e fortalecer os músculos, fortalecer os 
ossos e tendões e massagear os órgãos internos.

Executar um Kata desenvolve igualmente a coordenação, utiliza 
esforço de torção e promove a rotação do quadril. Assim, vai 
permitir o incremento da biomecânica de cada um e um desempenho 
ótimo utilizando energia limitada. Através da regulação da 
respiração e sincronizando-a com a expansão e contração da 
atividade muscular vamos promover a oxigenação do sangue e a 
aprendizagem de como criar, conter e libertar o Ki. Esta energia 
pode levar a um considerável efeito terapêutico para o corpo, quer 
interna quer externamente.

Quando se executa um Kata corretamente cada um deve promover a sua 
energia corporal e não se cansar excessivamente. Quando em posturas 
baixas, as costas devem estar direitas, os ombros baixos, queixo 
para fora, pélvis puxada para cima, os pés firmemente implantados e 
o corpo flexível de modo a que os canais de energia possam ser 
plenamente abertos e os alinhamentos apropriados cultivados.

O grupo de alinhamentos únicos que são cultivados pelos Kata 
ortodoxos permite a abertura dos canais do corpo permitindo que a 
energia flua espontaneamente. O Ki consegue assim "limpar" o sistema 
nervoso e regular a função dos órgãos internos.
Em resumo, a prática regular dos Kata vai desenvolver um corpo 
saudável, reflexos rápidos e uma técnica eficiente, ajudando a 
preparar uma resposta mais efetiva para situações potencialmente 
perigosas.

Outro aspecto importante quando falamos em Kata é a sua origem 
histórica. Durante a prática dificilmente se tem acesso a estas 
informações e ao propósito real dos Kata que praticamos, criando 
assim um vazio nos praticantes, pois a sua finalidade passa a ser 
"decorá-lo" para obter êxito em exames de graduação e ou competições.

Ao conhecermos a história de um Kata apercebemo-nos das 
circunstâncias em que foi criado, da sua origem, do seu trajeto, 
dos protagonistas, etc... o que nos permite dar sentido a sua 
execução e conhecer o seu propósito na altura em que foi idealizado. 
Além disso, a sua história constitui um estímulo positivo, ao saber 
que foi praticado por mestres que estão separados de nós centenas 
de anos e em circunstâncias muito particulares.

Infelizmente hoje em dia a prática de Karatê-Do passa muito por uma 
aprendizagem incorreta dos Kata, não se objetivando o seu componente
 prático e os pormenores que o constituem. Um Kata precisa ser 
trabalhado, surgindo para nós como uma pedra bruta que precisa ser 
limada. Isto quer pela prática da forma (execução do Kata), ou pela
 sua aplicação prática (Bunkai).

O ciclo muito característico - memorização/exame - tem de ser 
quebrado e é preciso conceber nos alunos e nos instrutores um 
conceito global, vendo cada técnica do Bunkai como uma situação que 
representa uma parte de um suposto combate real que precisa ser 
assimilada (não decorada) e compreendida de modo a surgir 
espontaneamente numa situação real.

A finalidade é também muito importante, quando praticamos um Kata, 
por exemplo, o Naihanchi Shodan é preciso ter consciência que cada 
subida e descida da perna na posição Naihanchi-dachi podem representar 
o quebrar ou o luxar da perna ou joelho do adversário. Este fato 
deve estar na nossa mente ao executá-lo, pois assim poderemos 
compreender o verdadeiro sentido para o qual esta técnica foi 
construída, além de aperfeiçoar a execução de tal movimento, já que 
passamos a ter consciência do seu objetivo.

Outro exemplo é o Kata Sanchin, que representa, segundo o seu nome, 
o combate entre o corpo, a mente e o espírito. Deste modo apesar da 
sua forma não ser muito complicada, o uso da correta respiração, 
contração muscular e movimento durante o condicionamento executado 
por um companheiro torna-o uma prova muito dura de superar fazendo 
pleno uso das três componentes acima mencionadas, derivando daí o 
seu nome – Sanchin ou “Três Batalhas”.

Posto isto, podemos verificar que bastaram dois pequenos conceitos 
(o conhecimento do por que da subida e descida da perna no primeiro 
Kata e do significado do nome da segunda forma) para alterar o nosso 
conceito a respeito dos mesmos e construir a unidade lógica que 
constitui cada Kata.
Ankō Itosu em 1908 numa das suas dez instruções sobre o Karatê-Do 
(conhecido como Tōde na época) afirma:
“A propósito dos Kata é necessário treinar repetindo-os mais vezes 
possíveis. Porém, é absolutamente essencial conhecer o significado 
e a aplicação de cada técnica. É necessário saber que existem 
numerosos ensinamentos teóricos complementares aos Kata para as 
técnicas de ataque, de defesa, de desprendimento e de agarre” 
(ITOSU, 1908)

Enquanto ensinava os seus alunos e explicava as diferenças básicas 
entre as escolas de Itosu e Higaonna, Kenwa Mabuni dava muita 
atenção aos Kata. Acreditava que os Kata, que combinavam técnicas de 
ataque e de defesa, era a parte mais importante do Karatê-Do, e que 
era necessário entender o significado de cada movimento e executá-lo 
corretamente. Kenwa Mabuni foi o primeiro a introduzir o conceito 
do Bunkai-kumite e do Yakusoku-kumite, que demonstram o propósito 
e mostram de forma clara o uso correto de cada Kata. O resultado 
final do treino apropriado do Kata e do Kumite é a possibilidade 
de aplicar as técnicas de Karatê-Do no combate real. A prática dos 
Kata também ajuda a transmitir os conhecimentos neles codificados 
para a geração seguinte.

De acordo com Kenwa Mabuni, o estudante ignorando o Kata e 
praticando apenas o Kumite, nunca irá progredir no Karatê-Do e nem 
irá entender o seu verdadeiro significado.
Taiji Kase, 9º dan de Karatê-Do Shōtōkan, conta que os mestres 
seniores diziam que Yoshitaka Funakoshi (filho do pai do Shōtōkan 
- Gichin Funakoshi), quando fazia um Kata, levava quem estava 
assistindo a perceber uma sensação especial e uma tremenda impressão
 de perigo iminente. Isso os levava a dizer que era assim que se 
deviam fazer os Kata. Também segundo o mestre Kase, todos que 
observam a execução de um Kata devem sentir e notar algo que provêm 
das vibrações da nossa força interior e determinação. Se os que 
observam não sentem nada, o Kata não está sendo bem realizado, é 
como uma "ginástica ou baile".

Ao analisarmos os três parágrafos precedentes que dizem respeitos 
a afirmações de figuras de inegável respeito e conhecimento no 
universo do Karatê-Do, podemos concluir que a prática de Kata deve 
ser constante e séria, que é de extrema importância para a defesa 
pessoal, e também que a forma de executá-lo deve transmitir o poder 
de quem o realiza.

É necessário destacar a grande importância da prática correta dos 
Kata e fazer uma análise deste processo como um meio para atingir 
um objetivo (a eficiência em combate real, melhoramento da condição
 física, etc.) e não encará-los como um fim por si só.

Não devemos admirar um mestre por conhecer muitos Kata, pois 
quantidade nunca significou qualidade. Mais importante é a sua 
qualidade humana e técnica, que faz com que ao entrarem no Dōjō 
a sua presença se sinta de imediato e que quando praticamos com 
eles ou os vemos em ação constatemos o seu enorme potencial.
Devemos considerar que cada um de nós deve procurar a verdade 
daquilo que pratica e não cair no que o grande mestre "Bushi" 
Matsumura relata como:
“Arte marcial do intelectual - "pensamos em diferentes formas de 
treino sem as aprofundar. Conhecemos numerosas técnicas, mas a 
prática é como uma dança sendo incapazes de aplicá-las em combate...”
Arte marcial do pretensioso - "agitamo-nos bastante sem nos 
treinarmos realmente, portanto, falamos muitas vezes das nossas 
façanhas gloriosas, causamos tumultos, desordens e ofendemos os 
outros. Segundo as circunstâncias arriscamo-nos à autodestruição 
ou à desonra da nossa família".

Assim ele acrescenta – “São inúteis as artes marciais do intelectual 
e do pretensioso” - valorizando apenas a arte marcial do Budō.”
Atualmente é fácil ver o quanto a prática do Kata é banalizada, 
não havendo nem a emoção nem a seriedade necessária para a sua 
prática, acabando-se por cair numa análise superficial em vez de 
profunda e completa.
Esperamos com este texto dar voz (com toda a humildade) a uma 
maioria silenciosa que pratica Karatê-Do que por vezes atravessa 
um abismo de desconhecimento em relação a arte que pratica.
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Referências:
MAGALHÃES, Mário. Kata – Conceitos e pensamentos. Disponível 
em: <http://www.cao.pt>. Acesso em: 15 de Outubro de 2005.